Nesta segunda-feira (19), a ANAUNI, representada pelo Presidente Clóvis Andrade, e pela Diretora Jurídica Adjunta Priscila Gonçalves de Oliveira, esteve presente na palestra “Liderança feminina: um desafio para carreiras jurídicas mais igualitárias”, proferida pela professora e filósofa Gisèle Szczyglak. A ação, que foi promovida pela OAB Nacional, por meio da Comissão Nacional da Mulher Advogada, contou com o apoio do Comitê de Diversidade e Inclusão da ANAUNI. Em essência, a palestra retratou aspectos nevrálgicos de uma problemática que permeia inúmeros países, a construção histórica da liderança até então desenhada com a prevalência masculina e a necessidade de um crescente de questionamento desta concepção construída com vista a evidenciar que a liderança, por si, é um espaço passível de ser ocupado também por mulheres.
Ao longo de sua explanação, Gisèle tratou de alguns pontos sobre a liderança na perspectiva feminina, onde afirmou que é necessário compreender a noção de liderança por meio do seu próprio reconhecimento. “Liderança não é algo feminino ou masculino, mas sim, como a forma que é utilizada, por isso é necessário separar a liderança do líder. É difícil para as mulheres ter esse reconhecimento social, por uma série de fatores. Durante a História, o comportamento feminino sempre foi alvo de restrições. Mas antes de ser aceita, você, mulher, deve se aceitar e se colocar como prioridade. Assuma a liberdade de ser você mesma”, declarou.
“Que adorável missão de representar a Coordenadora Cristiane Gomes do Comitê de Diversidade e Inclusão no evento que, pela profundidade e leveza, com o qual foi conduzido pela Professora Gisèle Szczyglak fizeram as horas passarem desapercebidas. A palestrante trouxe para o centro de discussão a necessidade de um verdadeiro despertar para as facetas da liderança que, de um lado, é fruto do reconhecimento social e que, de outro, decorre do reconhecimento interno da própria pessoa (homem ou mulher). Se prevalecente a representação masculina nos cargos e postos de trabalho até então, este cenário é mero reflexo da construção histórica. No entanto, perfeitamente passível de ser alterado. E neste sentido, exemplificou sobre a experiência francesa sobre cotas da participação feminina em determinados cargos de gestão e de comitês executivos. Gisèle, na verdade, sinalizou para a tomada de consciência feminina sobre o próprio valor, para além do valor que foi historicamente reputado ao gênero feminino. E, com isso, estimulou as presentes a repensar a postura feminina diante do cenário de competição cotidiano. Relembrou que os feitos femininos até aqui suscitaram na sociedade uma visão necessidade de validação constante das atuações femininas, afinal, se a liderança é prevalentemente masculina, a líder feminina é vista como “invasora”. E, por sua vez, esta visão acorrenta as mulheres em uma busca incessante de perfeição em todos os campos da vida (pessoal e profissional) e a afasta de encarar a vida com mais leveza. Ao final, se debruçou sobre a relevância da sororidade, ou seja, o apoio mútuo e fraterno entre mulheres, como também destacou a importância do apoio que pode advir do gênero masculino em favor da construção de uma sociedade mais igualitária”, declarou Priscila, que completa: “ao final da palestra indaguei o que teria sido o primeiro fator de mudança, a previsão normativa contemplando as cotas (como o exemplo citado na França) ou a mudança de atitude das próprias mulheres. Ela me respondeu que a resposta está na confluência dos dois fatores que se apoiam mutuamente. Somente com o aumento para o patamar de participação feminina nos cargos decisórios de 20 a 25% (como indicado pela literatura citada), no caso francês, se tornou possível engajar cada vez mais mulheres a uma mudança de postura em relação a si mesma e, ainda, motivando-as a não se subestimarem a exercer a liderança que é natural a todos os seres humanos, homens e mulheres”.
Também durante o evento, Gisèle realizou o pré-lançamento de “Subversivas, a arte sutil de nunca fazer o que esperam de nós”, uma obra filosófico-pragmática destinada às mulheres para transformar a sociedade e vivenciar na prática a luta pelos seus direitos. Gisèle descreve no livro que a civilização foi confiscada das mulheres e, como consequência, a percepção feminina sobre o mundo, assim como o papel de si mesmas são distorcidos. Para ela, o caminho para virar este jogo é a subversão e analisa como ao compreender as regras impostas pela sociedade e a cultura vigentes, as mulheres podem redirecioná-las para além da reivindicação – para assim conquistar a plena igualdade de direitos. Depois de ancoradas na subversão, as mulheres serão capazes, junto com os homens, de fazer com que o feminismo de fato aconteça como um novo humanismo. Um guia para levar às mulheres ao esclarecimento do motivo por que ainda são expostas a situações difíceis ou sofrem impasses em sua vida profissional e pessoal.
“Ao pedir a dedicatória no livro comentei que não sairia da palestra como a mesma pessoa, exatamente, porque as sementes do discurso da autora resgataram a perspectiva de que as mulheres precisam se conscientizar de serem o sol na própria vida e de não mais se limitar, por conta das visões de mundo que se amealha ao longo da vida, a ser como o bonito satélite sem luz própria, a lua. Ela sorriu e me disse que adorou a metáfora”, finaliza Priscila.