O evento foi organizado em comemoração ao mês do advogado e tem como objetivo refletir sobre as inovações aplicáveis ao Direito
A Associação Nacional dos Advogados da União (ANAUNI) debateu, nesta segunda-feira (28), o uso das ferramentas tecnológicas no âmbito jurídico durante III Seminário da Comissão da Advocacia Pública da OAB/DF. O evento foi uma iniciativa da Comissão da Advocacia Pública da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil em conjunto com a Escola Superior de Advocacia do Distrito Federal e teve o apoio institucional da Associação.
Na abertura do evento, o presidente da ANAUNI, Clóvis Andrade, falou sobre o aperfeiçoamento dos trabalhos na Advocacia-Geral da União com o advento das novas tecnologias.
“Em um cenário em que há muita demanda para a advocacia (hoje, vivemos um déficit de pessoal na carreira de Advogado da União correspondente a 30% de cargos vagos) e ainda, diante da automatização do Poder Judiciário e da criação de meios que encurtam as distâncias entre as pessoas, a tecnologia precisa ser usada visando a entrega de melhores resultados à população, seja na defesa de políticas públicas, do interesse público ou do patrimônio. Então, por meio desse Seminário podemos debater como suprir as carências atuais”.
O presidente também reforçou a defesa da ANAUNI pelas prerrogativas dos advogados e a importância da parceria com a OAB/DF, junto ao advogado público.
“Estarmos próximos é uma forma de estabelecer um canal de comunicação em benefício da União. Historicamente, a OAB/DF sempre abriu as portas para a advocacia pública, e antes de nos tornarmos advogados da União, somos advogados. Ambos, ANAUNI e OAB caminham juntos. Assim, estamos alinhados a uma só aliança, dando apoio e contribuições”, acrescentou.
Roda de conversa
O primeiro painel do Seminário tratou sobre “As ferramentas tecnológicas no âmbito da advocacia pública”. Já os demais debateram sobre “Inteligência artificial a serviço da Administração Tributária: experiências e desafios”, “A gestão do tempo na era da tecnologia – como sobreviver ao excesso de informação” e “O futuro da advocacia na era digital – chat GPT e outras ferramentas, riscos e adaptabilidade”.
Acerca desses temas, o presidente da ANAUNI, Clóvis Andrade, reforçou a importância da tecnologia na otimização dos processos jurídicos e na comunicação junto às equipes de trabalho.
“As ferramentas podem ser utilizadas para colaborar na triagem de processos, sistematização de matérias. É o caso da inteligência artificial já adotada no nosso sistema operacional, o Sapiens, e o chat GPT”, analisou.
Para o convidado palestrante e advogado da União Eduardo Watanabe, o uso da tecnologia é uma necessidade.
“Primeiro, pelo aumento da demanda de trabalho, segundo pela limitação de recursos humanos e financeiros. Portanto, a tecnologia vem para aumentar a produtividade e capacidade das equipes, atendendo com mais qualidade à sociedade. A inteligência artificial pode resolver muitas das tarefas rotineiras, que exigem um conhecimento mais simples. Então, podemos direcionar esse tipo de atividade para a inteligência artificial, desafogando equipes e fazendo com que esses advogados tenham mais condições de se dedicar a outros trabalhos de maior complexidade”, explicou.
Watanabe apostou ainda que, para o futuro, os desafios estão na integração do sistema jurídico (Sapiens) com outros sistemas, como dos Tribunais Regionais e também na obtenção de resultados confiáveis vindos da Inteligência Artificial.
A palestrante convidada, advogada da União e vice-presidente na Comissão da Advocacia Pública, Marcella Barbosa, destacou a inteligência artificial e o chat GPT, que para ela, já são popularizados.
“Nossos stakeholders usam essas plataformas, o advogado público e privado também. Não acho que as máquinas irão substituir o homem, mas elas nos poupam tempo e por isso, é importante utilizá-las a nosso favor. Além disso, a AGU precisa estar dentro desse debate e construir de forma ética a regulação e uso dessas ferramentas pela sociedade brasileira. Quando a AGU se mostra aberta para todos os advogados, ela possibilita uma ampla comunicação e todos se beneficiam: clientes e profissionais”, apontou Marcella Barbosa.
III Seminário da Comissão da Advocacia Pública
O Seminário, que está em sua terceira edição, tem como objetivo debater assuntos atuais e relevantes. É direcionado para a advocacia pública e privada, estudantes, juristas, professores e sociedade civil interessados em inovações aplicáveis ao Direito.